quarta-feira, 30 de maio de 2007

Essa Pessoa (letra aguardando melodia)

essa mulher
o que quer
nem eu sei
mas eu sei:
se é amor
vai doer

nela existe
algo triste
sem saber
que viver
é amar
é sofrer

finge que tudo é lindo
esconde o choro sorrindo
essa pessoa sem pudor


cala a própria beleza
fingindo não ter tristeza
vai fugindo do meu amor

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Poesia do Rock

O Poeta é um fingidor
mente mais do que sente
em frente enfrenta dor
e até amor, de repente

O Poeta é engenheiro
projeta, e então injeta
tesão no corpo inteiro
luz traiçoeira, incerta

Há dez mil anos lancei meu grito
que em vão desde então
corre o infinito:
Eu existo! Eu existo! Eu existo!
E a poesia do Rock
é só isto:
uma paixão, um choque, um mito.

sábado, 26 de maio de 2007

A primeira letra

Abraços e partos
Abertos e certos
Apertos e prantos
Acertos e abortos
Acordos e outros
Acasos e tantos
Amados encantos
Acesos e pronto.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Fotos do Sarau



"Escrever com o cotovelo, o pescoço e o antebraço. Surpreender-se com o não codificado."
(Francisco Bosco)

http://calma-unesa.blogspot.com/2007/05/sarau.html

domingo, 20 de maio de 2007

Sarau na UNESA Niterói

Os quatro últimos posts são poemas meus que apresentei no Sarau Literário da Universidade Estácio de Sá Niterói, dia 14 de maio.

Trabalho

Meus versos têm a pressa do engarrafamento:
O sol brilhando lá fora é belo.
O bem-te-vi cantando lá fora é belo.
Até a fumaça venenosa lá fora é bela.
Ah! Se fosse eu que a fumaça tossisse.
Se o bem-te-vi me pronunciasse.
Se o Sol,
Em raiozinhos ridículos,
Pudesse ler estas linhas! Ah!
Mas não.
Só eu é que leio.
E amplio solidões
para o Deus respirar.

Barca

O mar ondula sem gerar lucros.
Páginas abertas.
Deus! Pra que tanta notícia,
Se eu posso inventar inutilidades que conquistarão o mundo?
Desperdiço cuidadosamente cada segundo da travessia.
Eu sou a barca que nunca atraca.
Enfim.
A espera me chega.

Mau Poeta

Nunca consegui ouvir estrelas.

Por mais que aguçasse meus ouvidos,

nunca captei o mais leve som.

Mesmo a maior constelação

e o Luar brilhante

não disseram-me nada quando os indaguei.


Talvez eu seja surdo.

Talvez tenha sido o som dos tiroteios

que embalaram minha infância.

Talvez tenha sido a música alta

além do limite da dor.

Talvez.



Mas,

no íntimo

do meu coração absurdo,

cada mínimo detalhe da tua beleza,

toca-me

como um Sol em sinfonia.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Higiene

Esta manhã encontrei um amor.
Escondia-se entre o pêlo e a pele.
Fugia da lâmina.
Fingia-se morto.
Aqui está ele: vermelho.

Fosse eu mais cuidadoso nunca o teria achado.
Mas não sou.
Chego a apaixonar-me três vezes no mesmo dia.
Às vezes, deixo crescerem florestas para ocultá-los.
Tenho pena.

Mas é preciso cortar e cortar.
Polir o rosto diante do espelho.
Caçá-los em todos os cantos.
E cuspir.
(Exigem-me a máscara lisa, sem cicatrizes)
Os mais higiênicos ainda os engolem em sorrisos suaves.
Eu não.
Eu sou sujo.
Nunca limpo a esperança agarrada entre os dentes.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Ressaca

Eu sei que essas coisas que piscam na tela devem ter algum significado.
Deve ter alguma coisa a ver com o que o patrão fala.
Deve ter alguma coisa a ver com o que eu preciso fazer.
Deve ter alguma coisa a ver com o que eu faço todos os dias.
Deve ter alguma coisa a ver com o gosto estranho na minha boca.
Deve ter alguma coisa a ver com a dor de cabeça.
Deve ter alguma coisa a ver com o gosto do beijo que eu não lembro.
Deve ter alguma coisa a ver com aqueles versos.
Deve ter alguma coisa a ver com alguma coisa que pareça algum amor.
Deve ter alguma coisa que eu não consigo esquecer.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O Segredo do Sol


Às oito horas, em ponto, a Rádio Saara toca o Hino Nacional. Qual o endereço das Casas Pedro? Atrasado. A cabeça ainda carrega os copos largados pela metade. Cada cantinho macio ou não parece uma cama. O sapato apressado: Tec-toc. Cadê o crachá?

Todos os dias ele toma nas mãos seu velho chapéu de palha e gira continuamente sob o sol. Faz isso para salvar o mundo.

Vinte e quatro anos. Mês que vem. Tão cedo. Nessa idade as pessoas ainda deviam sonhar. Boa parte das que amava está morta. Os outros vão morrer mais cedo ou mais tarde. Mais cedo. Ele também. O fígado já reclama aposentadoria. Mais trinta anos? Profissão errada. Úlcera certa.

Todos os dias ele toma nas mãos seu velho chapéu de palha e gira continuamente sob o sol. Faz isso para expulsar os demônios.

Vinte e quatro anos. Ele já sabe que não será presidente da república, artista famoso, jogador de futebol. A coluna já dói. O fôlego diminui. Talvez tenha sido. O quê? Só talvez mesmo. Mas continua. Até que.

Todos os dias ele toma nas mãos seu velho chapéu de palha e gira continuamente sob o sol. Faz isso porque não pode parar.

Vinte e quatro anos. Vinte e quatro horas para o fim-de-semana. Fds. Foda-se a folha de ponto. O Estado deveria garantir uma vida sexual decente a todos os cidadãos. Praça Tiradentes? É privada. O trabalho é público. Mas no sebo da praça há línguas estranhas.

Todos os dias ele toma nas mãos seu velho chapéu de palha e gira continuamente sob o sol. Faz isso para vender chapéus.

Vinte e quatro anos. Trezentos e sessenta graus: o cara do chapéu em cima do viaduto. A catedral. O sol se pondo. O retorno. A cabeça querendo cair do pescoço. Queria perguntar por que ele sempre faz aquilo.

Todos os dias ele toma nas mãos seu velho chapéu de palha e gira continuamente sob o sol. Faz isso para pedir perdão.

Vinte e quatro anos. Tanto desejo. E ele só precisava de um chapéu. Ali vende-se de tudo. Talvez ainda encontre o que perdeu. Talvez ainda haja esperança entre as canetas chinesas. Um chapéu. Atrasado?

Todos os dias ele toma nas mãos seu velho chapéu de palha e gira continuamente sob o sol. Só revelará a verdade no dia do juízo final.

Às oito horas, em ponto, a Rádio Saara toca o Hino Nacional.


quarta-feira, 2 de maio de 2007

Lu Longarez

"É a serenidade na frente da corda da forca.

É a forca.

É a força.

É a fragilidade."

(Lu Longarez)

Texto completo em http://lulongarez.blogspot.com/2007/02/forca-fora.html

terça-feira, 1 de maio de 2007

Magical Formulae

Magical Formulae


"Poems are made by fools like me
But only God can make a tree."
(Joyce Kilmer)



Poems are made by fools like me
But fools are Gods within Poetry

God is made as He makes a tree
And the tree always tastes
What He whises to be

And every man can everywhere see
Gods in fake leaves
Made by fools like me

If words are leaves (and they can indeed be)
Then there's no God, no fool, just the Poem-Tree