Morena, minha morena
Tira a roupa da janela
Que vendo a roupa sem dona
Penso na dona sem ela
(quadra popular portuguesa)
fui eu quem fez o poema
mas quem vai vesti-lo
se está tão bem costurado
que não resta um único buraco
por onde passe um pescoço?
fruta sem caroço
ovo gorado
revólver sem bala
espada sem empunhadura
amor sem amor
que perdura
perdido do corpo
poema do nada
lindo e terrível
gemido da alma
penada
velha roupa colorida
flutuando no espaço
dessa eternidade
encolhida
é isso que me espanta:
com tanta roupa
e pouca garganta
a corda já fica pequena
quem vai vestir o poema?
terça-feira, 25 de março de 2008
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